Até ao meu regresso ...
Estou cansado. Vou de férias. Volto a 16 de Agosto. Até ao meu regresso.
AR
... desta troca de Secretária de Estado (sim, sim, a que era da Defesa de manhã e afinal ficou dos Espectáculos à tarde), ocorreu-me uma história que se passou com Salgueiro Maia na noite de 24 para 25 de Abril.
Parece que o então capitão juntou os militares do Quartel de Santarém e disse: "Meus senhores, há 3 tipos de Estados: os Estados Socialistas, os Estados Capitalistas e o estado a que isto chegou."
Premonitório.
AR
Está um homem afastado apenas uns dias e este país entra em alvoroço!
Tomou posse o novo governo. Eu acho que sei porque é que foi no Sábado ... Comemoração a seguir na 24 de Julho. Ainda por cima disseram-me que a sessão de beija-mão que se seguiu durou uma eternidade! Há que fazer pela vidinha, cambada. Alguns reconheci-os da CML. Espero que se vão embora para S. Bento. Perca-se o país mas salve-se a cidade!
Depois, constou-me que o Ricardo, o homem que defende penalties sem luvas e vai aos cantos três passos atrás dos avançados adversários, chorou na apresentação de um livro qualquer sobre o Euro! Eu, se fosse a ele, ainda não tinha parado de chorar desde que deixou entrar aquele golo igual aos outros (poucos) que os gregos marcaram no Euro.
O Bagão, novo timoneiro das finanças nacionais, mandou embora o homem dos vinte e tal mil euros da Direcção Geral de Constribuições e Impostos. Acho bem. E acho bem porque ele pode ser muito competente (dou de barato que sim, sem ironias) mas ninguém ganha aquilo (nem perto) na Função Pública. E numa altura em que tanto se tem exigido a (quase) toda a gente, aquela nomeação, naqueles termos, foi um insulto a quem trabalha e ganha um ordenado de merda que não é aumentado há dois anos! Esta foi um cesto de 3 pontos, ó Bagão!
Pacheco Pereira tem andado incansável a morder as canelas de PSL. Eu aprecio muito Pacheco Pereira, pelos mais variados motivos. Agora tenho um ponto mais de acordo com ele (e se ele precisa do meu apoio ... !!!): o odiozinho de estimação ao dito PSL. Pacheco, amigo, o Dor de Perdição está contigo!
E pronto. É o que me ocorre dizer por hoje.
AR
Disseram-me assim: "... mas ele tem futuro!". Ainda bem que ele tinha futuro. E depois comecei a pensar no assunto."Tem futuro!". Mas alguém tem futuro (pergunta retórica, atente-se)? Será que não temos, todos, apenas passado?
AR
Foi-me pedido que desse um parecer sobre a precedência protocolar dos juizes.
Questão complicada, que me obrigou a mergulhar na pouca informação disponível sobre o assunto. Depois de muito folhear lá encontrei a resposta, mais complicada do que à primeira vista imaginei. Então é assim (como se diz hoje em dia ...):
Estava convencido que isto era razoavelmente claro: Supremo, Relação, 1ª Instância (para simplificar...). Nada disso. Para começar, o mais importante de todos é o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, seguido pelo (primeira surpresa) Presidente do Tribunal Constitucional e pelo Presidente do Supremo Tribunal Administrativo. A estes seguem-se os Presidentes do Tribunal de Contas e do Supremo Tribunal Militar (por esta ordem). Depois vêm os Vices: a ordem é a mesma. E a seguir aos Vices vêm os Juizes Conselheiros. Mas aqui (alas!) os mais importantes são os do Tribunal Constitucional e só depois os outros, pela mesma ordem.
Uma linha abaixo vêm os Presidentes dos Tribunais das Relações. Aqui pode ser complicado, porque há quatro ‘Relações’ mas nenhuma é mais importante do que as outras (enfim, eu acho que a de Évora devia ser a mais importante, porque afinal o Alentejo é o Alentejo, porra!). Imagino, portanto, que aqui a importância seja definida pela ordem de chegada. O último fecha a porta! A seguir são os Juizes Desembargadores, que estão a par dos Vice-Reitores das Universidades do Estado e dos Procuradores-Gerais Adjuntos, mas abaixo dos Chefes de Gabinete dos Ministros, tendo estes uma hierarquia entre si que resulta da própria ordem de precedência dos respectivos ministérios. Mas isso fica para outro post.
Finalmente, no fundo da escala, encontram-se os Juizes de Direito, acima dos Consultores da Casa Civil do Presidente da República, mas abaixo dos Presidentes dos Conselhos de Gestão das Empresas Públicas.
Aquilo que um homem tem que explicar para ganhar a vida ...
AR
Isto começa a parecer uma viagem ao passado, uma espécie de flashback colectivo.
Sendo mais ou menos evidente que Jorge Sampaio se prepara para convocar eleições antecipadas, sem permitir que a maioria legitima e democraticamente eleita tenha a possibilidade de formar um novo governo (coisa que não pretendia fazer com o PS, quando António Guterres se demitiu), e considerando uma certa crispação verbal que se começa a notar, parece-me que vamos ter, quase 30 anos depois, outro Verão quente, com a Direira a mobilizar-se contra a Esquerda trauliteira, que pretende formar uma frente comum, e o PS a perceber que se calhar esta conversa de eleições antecipadas não será uma ideia particularmente brilhante.
Vasco Gonçalves, afinal, ainda mexe.
AR
O Sol caía sobre ele como uma chama insuportável. Arrastava-se pela areia, sem rumo, perseguindo miragem após miragem. Alguma seria a última e aí terminaria a sua dolorosa peregrinação. Tinha perdido a noção do tempo. Não sabia há quantos dias percorria o infindável areal e já não contava as miragens. Limitava-se a persegui-las, uma após outra.
Agora era um lago imenso, bordejado por algumas árvores que ofereciam uma sombra sedutora e que lhe acenavam atrevidamente, lá ao longe. Há muito que não se tinha de pé e por issa gatinhava como uma criança, com a areia a morder-lhe a palma das mãos.
Estava quase lá. Quase sentia a sombra fresca das árvores.
Tombou sobre a areia, ofegante, estenuado. Era, finalmente, a última miragem. Sentiu ainda o vento quente, antes de fechar os olhos e se entregar ao infinito.
AR
O tempo da poesia passou. A alegria não precisa de ser cantada e a tristeza não o merece. Talvez por aqui, pontualmente, apareça a de outros. Não voltará a estar a minha.
AR
Dor é amar-te sem te poder amar,
É querer ter tua boca sem a poder ter,
É sentir teu cheiro a bailar
Em torno de mim sem o possuir.
Dor é querer e não te abraçar,
É esperar por ti e não chegares,
É pensar em ti, de noite, e sonhar
Que me tocas sem nunca me tocares.
Dor é querer chorar e não poder,
É estar sempre só e não saber
Como abraçar essa miragem.
É desejar sempre outro viver,
Esperar por um outro amanhecer,
Mas não ver nunca outra passagem.
AR