Areia
O Sol caía sobre ele como uma chama insuportável. Arrastava-se pela areia, sem rumo, perseguindo miragem após miragem. Alguma seria a última e aí terminaria a sua dolorosa peregrinação. Tinha perdido a noção do tempo. Não sabia há quantos dias percorria o infindável areal e já não contava as miragens. Limitava-se a persegui-las, uma após outra.
Agora era um lago imenso, bordejado por algumas árvores que ofereciam uma sombra sedutora e que lhe acenavam atrevidamente, lá ao longe. Há muito que não se tinha de pé e por issa gatinhava como uma criança, com a areia a morder-lhe a palma das mãos.
Estava quase lá. Quase sentia a sombra fresca das árvores.
Tombou sobre a areia, ofegante, estenuado. Era, finalmente, a última miragem. Sentiu ainda o vento quente, antes de fechar os olhos e se entregar ao infinito.
AR
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