Surprise, surprise
Para meu espanto (e julgo que não apenas para mim), o nosso bem-amado primeiro-ministro foi convidado para presidir à Comissão Europeia. Honra-nos vagamente enquanto país, honra-o muito enquanto político.
Mas esta sucessão de honrarias criou alguns problemas internos sobre os quais gostava de dar uns palpites.
Antes de mais, a questão governativa. As esquerdas (a democrática e as não democráticas) apressaram-se a pedir a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições gerais. Não me parece haver motivo para tal. O país não travessa nenhuma crise institucional que ponha em causa a República nem a maioria parlamentar está em causa. A mudança de primeiro-ministro não resulta de nenhum problema grave que ameace o país mas é antes um acontecimento que, de nenhuma forma, resulta de qualquer crise ou evento grave na vida do país. Parece-me, por isso, que o pedido de eleições antecipadas é deslocado e motivado apenas por interesses partidários (agora que os tempos piores estão a ficar para trás).
A segunda questão que se coloca é a sucessão do próprio Durão Barroso. A hipótese PSL, que ganhou forma e força no Sábado, é absolutamente aterrorizadora. Se em Lisboa tem sido o caos que quem por aqui vive e/ou trabalha conhece, imagine-se isto à escala nacional. Seria, seguramente, o equivalente, do PSD, do Engº Guterres. Já as reacções que se começaram a verificar Domingo têm-me dado algum alento. Aparentemente, os 'barões' do PSD não estão pelos ajustes com a solução PSL via Conselho Nacional. Querem um Congresso. Parece-me bem. PSL (ou outro qualquer) tería legitimidade interna próxima do nulo se escolhido pelo Conselho Nacional. É nos Congressos, seguindo as regras da Democracia, que se escolhem os dirigentes partidários. E talvez aí haja esperança de aparecer alguém bem mais capaz do que PSL para governar este país. Se ele for o que de melhor o PSD tiver para apresentar ao país então estamos conversados.
AR
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